Agarraste-me pela mão e arrastaste-me dali p’ra fora.
Guiaste durante horas por caminhos para mim desconhecidos e que me deixavam desconfortável.
Parámos. Tinhamos chegado ao destino. Olhei. Era um motel, daqueles como vimos tantas vezes nos filmes “hollywoodescos”, à beira da estrada, mas escondidos por uma densa vegetação, com muito pouca luz e com um sinal velhíssimo onde uma das letras tem a luz fundida. Sorri para dentro.
Lá dentro cheirava a mofo. E a morte. Quis sair, mas ao invés, conduziste-me para um dos quartos nauseabundos.
Fizemos amor. NÃO. Sexo. Apenas sexo. Nada mais que isso. Sexo.
Começaste, então. Arrancaste-me a roupa. Não com desejo, mas com nojo. Eras incapaz de me olhar nos olhos. Senti os teus dedos deslizarem-me pelo corpo e rastejarem para dentro de mim . Não foi prazer, mas dor que senti. Penetraste-me. Insaciável. Ouvia-te gemer. Excitado. As minhas lágrimas suplicavam-te que parasses. Mas ignoraste-as. Contraí-me numa desesperada tentativa de atenuar a dor, mas só a piorava. Começava a sentir-me sangrar. Imóvel. Apenas um objecto com quem decidiste brincar. Uma brincadeira perversa, doentia. Insuportável. Um pesadelo.
Vieste-te. Em menos de um minuto vestiste-te, atiraste uma nota de 20 ao meu corpo dorido, quase moribundo. E ali me deixaste…
Ouvi os teus passos afastarem-se , arrastando-se pelo soalho de madeira negra da sujidade. Rangia.
Caí de novo naquela cama maldita. E por ali fiquei… ouvindo o eco dos teus porcos gemidos.
Friday, March 21
ECOS
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